Áreas de fazenda são queimadas em novo conflito em Caarapó

Polícia Militar foi acionada e comunidade diz que ação é resposta à contaminação por agrotóxicos

Por Ketlen Gomes

📷 Reprodução jornal Ms agora

Na manhã deste sábado (25), a Fazenda Ipuitã, em Caarapó, voltou a ser palco de conflito entre indígenas e o proprietário da área. A PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) informou, em nota, que foi acionada para “restaurar a ordem pública e garantir a segurança de pessoas e propriedades”, após indígenas ocuparem e incendiarem partes da fazenda. Já a comunidade Guyraroká afirma que realizou a retomada para garantir que não será mais intoxicada por agrotóxicos.

Segundo uma moradora de propriedade vizinha, que preferiu não se identificar, a ocupação começou por volta das 4h da manhã. A PMMS relatou que recebeu chamado via 190 informando a presença de cerca de 50 indígenas armados, que teriam expulsado o caseiro e iniciado o incêndio.

O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), que acompanha o caso, afirma que a retomada tem como motivação impedir novas intoxicações. De acordo com o órgão, o proprietário cultiva até o limite da TI (Terra Indígena) Guyraroká, onde há uma escola infantil e idosos centenários vivendo próximos à cerca, e faz uso de agrotóxicos na área.

Equipes da PM e do Corpo de Bombeiros foram até o local “para dar apoio ao comunicante e restabelecer a tranquilidade diante da situação de risco à segurança das pessoas e à ordem pública”, conforme nota oficial.

Essa não é a primeira vez que a fazenda é cenário de conflito. Na semana passada, indígenas denunciaram a presença de policiais do Batalhão de Choque, com escudos, protegendo a passagem de um trator de esteira usado para derrubar barracos. Em vídeo publicado nas redes sociais, uma mulher relata ter sido atingida por balas de borracha.

O CIMI também afirma que a polícia tem permanecido constantemente na área, mesmo sem mandado judicial, com o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) instalado dentro da propriedade rural e ameaçando os indígenas.

“Foi permitida a ida da polícia sem nenhum mandado judicial. Isso caracteriza uma questão muito grave: o uso de força pública para fins privados. Sem reintegração de posse nem determinação judicial, a polícia não pode, em hipótese alguma, agir contra uma comunidade”, declarou o CIMI.

Em nota, a PM informou que, nas últimas semanas, ocorreram várias ações semelhantes na região, praticadas pelo mesmo grupo de manifestantes, o que teria motivado novas operações policiais.

Já o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) publicou nota referente ao conflito do dia 17 de outubro, por meio do Demed (Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas) e da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). O comunicado destaca que o órgão “acompanha a situação e está em contato com as lideranças locais para assegurar o registro de denúncias, o mapeamento dos impactos e a proposição de soluções eficazes”.

“O MPI repudia qualquer ato de violência contra os indígenas e está acionando os órgãos competentes para garantir a segurança das comunidades”, diz a nota.

Fonte: Campo Grande News

Um dos galpões com maquinários destruídos

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