Baixa rentabilidade e custos elevados desanimam produtores; valor da saca está abaixo do mínimo definido pelo governo federal
Por: Redação.

Os baixos preços do arroz têm preocupado produtores do Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país, que já reduziram a área plantada para a nova safra. De acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), cerca de 40% da área prevista já foi semeada, mas a projeção total é de 920 mil hectares, o que representa uma queda de 5% em relação à safra anterior.
Em algumas regiões, a retração pode ser ainda maior, chegando a 20%, segundo técnicos e lideranças do setor. As causas principais são a baixa rentabilidade, o endividamento e os altos custos de produção, além das dificuldades de acesso a crédito.
Custo alto e preço baixo travam a rentabilidade
O preço médio da saca de arroz, atualmente em torno de R$ 58, está abaixo do preço mínimo de R$ 63 definido pelo governo federal. Já o custo de produção por saca chega a R$ 90, o que gera prejuízo mesmo em safras produtivas.
“Hoje o produtor enfrenta muita dificuldade na implantação da lavoura por falta de recursos e preços muito baixos. A renda caiu pela metade em relação ao ano passado”, afirmou Edinho Fontoura, presidente da Associação de Agricultores de Dom Pedrito.
Além disso, o estoque elevado de arroz no mercado interno e as dificuldades nas exportações têm pressionado ainda mais os preços. A entrada de cerca de 2 milhões de toneladas de arroz importado do Mercosul também contribui para o desequilíbrio do mercado.
Plantio segue, mas com menor tecnologia
Mesmo diante das dificuldades, o plantio continua avançando em ritmo acelerado, favorecido pelas condições climáticas. No entanto, muitos produtores estão optando por usar menos tecnologia nas lavouras, reduzindo investimentos em insumos e maquinário para conter custos.
Expectativa é de nova redução
Entidades do setor alertam que a área plantada pode encolher ainda mais ao longo da safra. “O momento é difícil e tudo indica que a área vai diminuir ainda mais. Só teremos a dimensão exata no fim da safra, com os levantamentos do instituto”, explicou Alessandro da Cruz, coordenador regional do Irga.
Mesmo em meio ao cenário desafiador, os produtores seguem atentos às condições de mercado e esperam por melhoras nos preços internacionais para retomar o ritmo de produção nos próximos ciclos.
