Atletas Guarani Kaiowá conquistam medalhas e representam Mato Grosso do Sul em competição que reúne mais de dois mil participantes no país.
Por: Tiago Pires

O atletismo paralímpico ganhou destaque nas Paralimpíadas Escolares 2025 com a participação de dois jovens da aldeia Guapo’y, em Amambai. Representando Mato Grosso do Sul, os atletas da etnia Guarani Kaiowá conquistaram resultados expressivos na primeira fase do evento, realizada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
A competição, que terminou na última sexta-feira (21), reuniu cerca de 2.055 estudantes-atletas de todas as regiões do Brasil, consolidando-se como o maior evento mundial voltado à formação de atletas com deficiência. Só nas disputas de pista e campo foram mais de 900 competidores.
🏃♂️ Destaque de MS
Entre os representantes sul-mato-grossenses, o desempenho de Fraylson Vera, de 12 anos, chamou atenção. Competidor da classe T13 (baixa visão), ele participou de três provas — 60m, 100m e 200m — e voltou para casa com três medalhas: uma de ouro e duas de prata.
Fraylson perdeu parte da visão aos nove anos após ser atingido por uma pedra lançada de um estilingue. Pouco tempo depois, iniciou os treinos no projeto Mitã Vy-a — expressão em Guarani que significa “Criança Feliz”. O programa, coordenado pelo professor Fernandes Ribeiro, atende 30 atletas indígenas e conta com o apoio da Missão Evangélica Caiuá, Prefeitura de Amambai, Sedesc e Semed.
Sem pista oficial, os treinos são improvisados em estradas ou em campo de futebol da aldeia. “Às vezes o professor acompanha de bicicleta para orientar”, contou o jovem atleta.
👟 Nova promessa
Outra integrante do grupo é Tatiane Freitas, de 13 anos, classe T20 (deficiência intelectual). Em sua estreia nacional, ela representa um avanço no reconhecimento do esporte paralímpico nas comunidades indígenas.
Tatiane foi identificada pelo treinador após chegar de Dourados e apresentar dificuldades de aprendizado e coordenação. O diagnóstico possibilitou seu início nos treinos e inclusão no projeto.
“Em Dourados eu não era como os outros. Aqui eu me sinto parte do grupo”, afirmou.
📌 Projeção para o futuro
Com quase cinco anos de existência, o projeto Mitã Vy-a planeja ampliar a participação em competições oficiais em 2026. A meta é marcar presença no Meeting Paralímpico Loterias Caixa e fortalecer a presença em eventos nacionais, além das Paralimpíadas Escolares.
“A família é o primeiro desafio. É preciso mostrar o valor do esporte na vida dessas crianças. Aos poucos, a comunidade está entendendo e apoiando”, destacou o treinador Fernandes.
A segunda fase das Paralimpíadas Escolares segue de 26 a 28 de novembro, com provas de natação, bocha, vôlei sentado, futebol PC, judô, badminton e tênis de mesa.
