
A sintonia entre produtores rurais e Governo de Mato Grosso do Sul tem sido decisiva para fortalecer o agronegócio e abrir novas fronteiras comerciais para o Estado. Em encontro que reuniu lideranças e especialistas do setor, o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, reforçou que o status sanitário livre de febre aftosa sem vacinação é hoje um dos principais diferenciais competitivos do MS e sua manutenção exige vigilância permanente e atuação conjunta.
O Fórum, que orienta as ações de vigilância sanitária e prevenção à febre aftosa, reuniu representantes da Iagro e da Semadesc, produtores, sindicatos, técnicos, médicos-veterinários, zootecnistas e outros atores do agronegócio público e privado. A proposta foi alinhar estratégias e reforçar os pilares que sustentam a segurança sanitária, essencial para o acesso a mercados exigentes.
O evento contou com a presença do secretário Jaime Verruck; do diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold; e do secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Beretta. Durante sua apresentação, Ingold detalhou o conjunto de ações de vigilância desenvolvidas pela agência, com destaque para o sistema digital implantado nos últimos anos. Segundo ele, manter a área livre de aftosa “é uma grande conquista, mas demanda trabalho contínuo”. Ingold ressaltou que o vírus foi erradicado e que a ausência da vacinação não representa risco, desde que a vigilância sanitária siga rigorosa: “Em caso de eventualidade, nossa agência, que atua com inteligência e monitoramento territorial, está preparada para responder”.
Verruck reforçou a importância desse esforço coletivo. Para ele, o status sanitário sem vacinação coloca o Brasil e particularmente Mato Grosso do Sul, em posição de destaque no cenário agropecuário global. “É fundamental estabelecer um programa de vigilância permanente. Nosso foco é manter esse nível de segurança sanitária e garantir a qualidade do rebanho sul-mato-grossense”, afirmou.
Mercados em expansão
Na palestra “Do MS para o Mundo: Ações do Governo para acesso a novos mercados”, o titular da Semadesc destacou que o Estado vive um ciclo acelerado de expansão produtiva e transição econômica. Só nos últimos anos, a área plantada aumentou 516%, impulsionada principalmente pelo avanço de grãos, cana-de-açúcar e florestas plantadas sobre áreas antes ocupadas por pastagens. Segundo Verruck, essa expansão tem fortalecido cadeias produtivas sustentáveis e competitivas.
O secretário lembrou que Mato Grosso do Sul figura entre as economias que mais crescem no país, impulsionado pelo agronegócio, pela industrialização e pela ampliação das exportações. “A transformação produtiva reposiciona o Estado como referência no equilíbrio entre produção, conservação ambiental e inovação tecnológica”, destacou.
Programas ambientais estratégicos também reforçam essa trajetória, como o PSA Bioma Pantanal, o PSA Brigadas de Incêndio e o Plano de Desenvolvimento de Cadeias Produtivas, além de iniciativas que valorizam o uso múltiplo dos rios cênicos. Essas ações consolidam o compromisso do Governo com a sustentabilidade e com a oferta de serviços ambientais de alto valor.
Comércio exterior robusto
O comércio exterior de Mato Grosso do Sul movimenta anualmente R$ 9,9 bilhões, com exportações para 170 países, especialmente na Ásia, Europa e América do Norte. A pauta é diversificada e inclui proteínas animais, complexo soja, produtos florestais e itens estratégicos da agricultura e da pecuária. A China segue como principal destino, seguida por mais de uma centena de mercados que ampliam a presença internacional do Estado.
O desempenho da proteína animal é consistente. As exportações de bovinos, suínos e frangos colocam o MS na sétima posição entre os maiores exportadores de carnes do país, respondendo por 6,54% do total nacional. Em 2024, o setor movimentou mais de US$ 1,9 bilhão, com quase 490 mil toneladas enviadas ao exterior. A proteína animal representa hoje 17,93% das exportações sul-mato-grossenses.
A implantação da plataforma de conformidade ambiental, desenvolvida em parceria com a União Europeia e instituições acadêmicas, coloca Mato Grosso do Sul na dianteira das exigências globais voltadas ao desmatamento zero e ao rastreamento produtivo, com foco nas cadeias da soja, milho e pecuária — requisito cada vez mais determinante para acessar mercados de alto valor.
Entre os desafios do setor de proteínas animais estão a adequação ambiental às exigências europeias, acordos internacionais, comprovação de sustentabilidade, baixa emissão de carbono, recuperação de pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta. Também influenciam o cenário global fatores como instabilidades geopolíticas e mudanças nas legislações tributárias.
Logística como diferencial
A logística foi outro ponto de destaque. Segundo Verruck, a Rota Bioceânica se consolida como o principal eixo de integração entre Mato Grosso do Sul e os mercados do Pacífico, reduzindo distâncias, custos e prazos para o comércio exterior. A ponte internacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, já com mais de 80% das obras concluídas, simboliza essa transformação. O Estado também avança em rodovias, hidrovias e ferrovias que dão suporte ao crescimento produtivo.
Ao final do encontro, o secretário reforçou que diálogo permanente, inovação e sustentabilidade são os pilares que sustentam o avanço do agronegócio sul-mato-grossense. Segundo ele, é essa combinação que garante competitividade, amplia mercados e consolida Mato Grosso do Sul como referência mundial em produção sustentável.
