Como assim? IPTU 2026 chega com aumentos de até 396% e provoca indignação em Campo Grande

Reajustes variam em toda a cidade e chegam a quase 400%  (Foto: Reprodução Comunica na TV)

O carnê do IPTU de 2026 virou motivo de susto e revolta para milhares de campo-grandenses. Embora a Prefeitura de Campo Grande tenha anunciado um reajuste de 5,32%, correspondente apenas à reposição da inflação, moradores relatam aumentos que variam de 20% a impressionantes 396%, números que destoam do discurso oficial e pesam no orçamento logo no início do próximo ano.

O decreto com a correção de 5,32% foi publicado pela prefeita Adriane Lopes (PP) em 29 de outubro e se aplica aos cerca de 430 mil imóveis da Capital. Pela legislação, a prefeita pode autorizar reajustes dentro do índice inflacionário sem necessidade de aprovação da Câmara Municipal. Qualquer correção acima desse patamar, no entanto, exige aval dos vereadores, o que não ocorreu.

Na prática, os valores cobrados vão muito além da inflação. Em um apartamento de 50 metros quadrados no Jardim Tijuca, localizado em rua sem pavimentação, o IPTU subiu 22,65%. O morador, que pagou R$ 419,43 no ano passado, passou a receber um carnê de R$ 514,46, mesmo sem qualquer benfeitoria no imóvel.

No Conjunto Aero Rancho, um imóvel de 75 metros quadrados teve reajuste de 20,89%, com o valor saltando de R$ 1.089,59 para R$ 1.317,21. Em frente ao Parque do Soter, uma aposentada foi surpreendida com aumento de 24,5% no IPTU do apartamento de 90 metros quadrados. Segundo ela, o tributo subiu de cerca de R$ 4,2 mil para R$ 5.229.

Casos ainda mais extremos foram registrados em outras regiões da cidade. No Jardim Pênfigo, na saída para Sidrolândia, um imóvel teve reajuste de 396%, com o imposto passando de R$ 311,72 para R$ 1.547,14. No Jardim Veraneio, na saída para Cuiabá, um contribuinte enfrentou aumento de 46%, de R$ 2.422,43 para R$ 3.553,69. Na mesma região, outro imóvel teve correção de 173%, enquanto um terceiro praticamente dobrou de valor, com alta de 97%, chegando a R$ 12.364,56.

Além do impacto direto no bolso do contribuinte, o IPTU 2026 chega acompanhado de outra mudança que desagradou a população: a redução do desconto para pagamento à vista, que caiu de 20% para 10%, com vencimento até 12 de janeiro.

Especialistas apontam que, para aplicar aumentos acima da inflação, o Executivo deveria ter encaminhado um projeto de lei à Câmara Municipal, o que não aconteceu. O episódio reacende críticas sobre o papel do Legislativo municipal, acusado de omissão diante do reajuste considerado abusivo por parte dos contribuintes.

O aumento expressivo do IPTU ocorre em meio a um cenário de insatisfação com os serviços públicos da Capital, marcada por ruas esburacadas, obras paralisadas, falta de medicamentos, carência de médicos e exames nas unidades de saúde, além da crise enfrentada pela Santa Casa e denúncias envolvendo contratos de iluminação pública.

Procurada, a prefeita Adriane Lopes afirmou, em entrevista a imprensa, que a Prefeitura irá revisar os carnês que apresentarem reajustes acima do previsto no decreto.

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