O discurso foi feito durante Audiência Pública de Prestação de Contas da SESAU, realizada na noite de ontem na Câmara dos Vereadores
Por: Brenda Souza

Durante a Audiência Pública de Prestação de Contas da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), um desabafo ecoou no plenário da Câmara dos Vereadores mostrando o desespero das Mães Atípicas, mães de crianças e pessoas com deficiência que dependem do sistema público de saúde.
Em tom de revolta, uma das representantes do grupo expôs, ao vivo, a realidade vivida por centenas de famílias em Campo Grande. “Eu ia até fazer uma correção, dizer que a gente não é plateia, a gente é população. Mas eu estou me sentindo plateia, porque eu estou me sentindo num show. Num show muito bem armado, muito bonito, muito coreografado, com ótimo script”, disse ela, denunciando a distância entre os dados apresentados pela gestão e a realidade nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), CRSs (Centros Regionais de Saúde), CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e hospitais.
Entre as denúncias estão:
- Falta de medicamentos, inclusive antidepressivos como fluoxetina e amitriptilina, fundamentais para a saúde mental das mães.
- Ausência de dietas e fraldas especiais para crianças e pessoas com deficiência, mesmo com ordens judiciais determinando o fornecimento.
- Deficiência no atendimento odontológico e na realização de exames simples, como raio-X.
- Seis ambulâncias do SAMU paradas no pátio, enquanto pacientes aguardam socorro.
- Falta de nomeação de um secretário municipal de saúde e atraso na renovação de contratos, como o da Santa Casa.Leia mais em:
A mãe, que afirmou estar há quatro meses sem receber a dieta judicializada do próprio filho, expôs fraldas de baixa qualidade distribuídas pelo município: “Quem é que compra o material que presta e aceita receber o que não presta? O senhor compraria um carro de luxo e aceitaria receber um carro velho sucateado? Ninguém!”
Ela também relatou casos graves de negligência, como de mães que tiveram pernas amputadas, crianças que morreram por falta de atendimento adequado, e famílias endividadas para pagar planos de saúde, fugindo do colapso do SUS na capital. “Estão aniquilando a população, estão eliminando as crianças com deficiência”, alertou ela bastante emocionada.
O discurso ainda criticou vereadores que, segundo ela, “rasgam seda para a prefeitura” em vez de fiscalizar os contratos e licitações da SESAU. “Honrem o voto que vocês receberam da população”, cobrou.
Repercussão e indignação
O depoimento, que durou cerca de cinco minutos, emocionou o plenário e gerou desconforto entre gestores e parlamentares presentes. Para as mães atípicas, a audiência foi apenas mais um “show de ilusionismo” que mascara a precariedade do sistema. “Nosso dinheiro está sendo jogado no ralo. Não existe falta de dinheiro, existe má gestão”, resumiu a representante.
O TopMídiaNews procurou a prefeitura de Campo Grande, mas até a publicação desta matéria não teve resposta. O espaço segue aberto para manifestações futuras
Fonte: TopMídiaNews
