Estudo biológico do solo ganha espaço e promete elevar eficiência das lavouras brasileiras

Mapeamento genético de microrganismos ajuda produtores a tomar decisões mais assertivas e sustentáveis

Por: Tiago Pires

Foto: Divulgação

Cada vez mais o solo tem sido tratado como um organismo vivo, e não apenas como suporte físico para as plantas. Pesquisas mostram que a atividade microbiana presente nele exerce influência direta sobre a fertilidade, disponibilidade de nutrientes e desempenho das lavouras. Com esse entendimento, cresce no país o uso de análises biológicas e ferramentas que permitem investigar a vida microscópica presente nas áreas cultivadas.

Entre os métodos modernos utilizados, a análise metagenômica é um dos destaques. A tecnologia consiste no sequenciamento do DNA existente no solo para identificar microrganismos, suas funções e o impacto na saúde das plantas. Esses dados permitem orientar o manejo com maior precisão, reduzindo desperdícios, elevando a produtividade e contribuindo para sistemas agrícolas mais sustentáveis.

O avanço desse tipo de diagnóstico acompanha o protagonismo do Brasil no agronegócio. Segundo dados da Conab, o país registrou em 2023 a maior colheita de grãos já registrada, alcançando 319,8 milhões de toneladas. Para pesquisadores e técnicos, o potencial produtivo pode ser ainda maior com o uso de ferramentas científicas aplicadas ao manejo biológico.

A engenheira agrônoma Laura Landucci reforça que análises desse tipo auxiliam o produtor a entender se o solo está equilibrado e como ajustar o manejo. “Quando o agricultor conhece a dinâmica da microbiota, ele passa a ter uma base sólida para decisões mais inteligentes e rentáveis”, destaca.


Tecnologia disponível aos produtores

Um dos serviços que oferece esse tipo de tecnologia é o AGROBIOTA, desenvolvido pela BIOTROP. A solução coleta informações biológicas diretamente do campo e utiliza inteligência artificial, softwares exclusivos e sequenciamento genético de alta precisão para analisar os dados. O produtor recebe as informações por meio de plataforma digital com diagnóstico detalhado e recomendações específicas para cada área.

Segundo Juliana Marcolino Gomes, gerente de Pesquisa & Inovação da empresa, o objetivo é tornar o uso dessas informações simples e aplicável no dia a dia da agricultura. “O produtor passa a ter um raio-X da vida do solo, com insights que realmente direcionam o manejo e aumentam o potencial produtivo”, explica.

A empresa também tem realizado eventos técnicos em polos agrícolas do país, como Assis (SP) e Uberaba (MG), onde produtores, cooperativas e representantes de usinas trocaram experiências e debateram resultados. Somando apenas um dos encontros, mais de 900 mil hectares de produção foram representados.

Para André Cruz, gerente comercial do programa, essa tecnologia sinaliza uma mudança definitiva no modelo de produção. “O futuro está no monitoramento contínuo da saúde do solo. Quem adotar esse conceito mais cedo terá vantagem competitiva.”

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